Analisando “Nature’s Light”, do Blackmore’s Night

“Nature’s Light”, o mais recente trabalho do Blackmore’s Night, lançado em 2021

Em 2021, outro lançamento ficou por conta de “Nature’s Light“, o 11° disco de estúdio do Blackmore’s Night, que saiu em 12 de março do ano passado pela earMUSIC (no Brasil, a distribuição ficou por conta da Shinigami Records em formato CD simples) e que teve a produção assinada por Ritchie Blackmore.

Depois de ter ficado seis anos com as atividades paralisadas, enquanto parte desse período Ritchie Blackmore retomara suas atividades com o Rainbow para, talvez, matar um pouco de saudade de tocar rock, o Blackmore’s Night voltou com “Nature’s Light” mantendo a estética musical folk renascentista que sempre fez parte do projeto encabeçado pelo ex-guitarrista do Deep Purple e sua bela esposa, Candice Night.

Aqui a temática está centrada pelos poderes da Mãe Natureza com muita presença dos instrumentos de sopro, de cordas, tamborins, percussões e uma ou outra presença de teclados, deixando um ar mais “moderno” para a sonoridade do grupo.

A obra começa muito bem com “Once Upon December“, com a voz envolvente de Candice e um belo arranjo folk e que remete o ouvinte a se imaginar na Europa à beira da fogueira enquanto ventos gelados fazem companhia. A faixa seguinte, “Four Winds“, mantém o estilo da anterior, ou seja, um folk mais dançante, mas que tem um “quê” de modernidade por conta da presença da bateria eletrônica. O terceiro tema é “Feather In The Wind“, que mostra uma energia renovada conforme a proposta da banda e que o destaque fica por conta da ótima performance de Claire Smith no violino e a percussão de David Keith (creditado como “Troubadour Of Aberdeen”). Já a ótima “Darker Shade Of Black“, canção lançada originalmente no disco anterior da banda (“All Our Yesterdays“, de 2015), foi retrabalhada e ficou mais robusta por conta dos instrumentais elétricos e a ótima abertura com os timbres de teclados e um coral bem ao fundo. E a obra chega ao meio com “The Twisted Oak“, uma belíssima “quase valsa” que resgata a pegada trovadora do grupo.

Enquanto isso, a faixa-título, que parece um imponente cerimonial e, claro, celebra a rainha Natureza e seus milagres. Depois, a instrumental “Der Letzte Musketier (The Last Musketeer)“, uma faixa bluesy composto por Blackmore em homenagem ao seu primeiro grupo musical, o The Musketters, que originalmente trazia três integrantes e, como o segundo deles faleceu recentemente, Ritchie Blackmore se tornou o “último mosqueteiro”. Posteriormente, temos outra releitura: “Wish You Were Here (2021)” (calma, não é a música do Pink Floyd, mas sim de um cover de Leskelä Teijo, que o BN regravou em seu ‘debut‘, de 1997). Mas, nessa regravação, o grupo deixou a versão mais robusta com a presença de teclados, percussões e alguns trechos de guitarra. A penúltima canção é “Going To The Faire“, que não acrescenta muito em relação à proposta do disco, o diferencial aqui é a participação dos filhos do casal, Autumn (que ganhou um álbum dedicado quando nascera, “Autumn Sky“, de 2010) e Rory Blackmore, nos backing vocals na parte final da música. E, para finalizar, o cover de Sarah Brightman: “Second Element“, que ganhou um belíssimo arranjo.

Uma coisa precisa ser dita: “Nature’s Light” é um disco coeso, embora que, para muitos, soe como “mais do mesmo”, mas não deixa de ser um trabalho agradável de ouvir e, certamente, quem curte essa empreitada de Ritchie Blackmore não deve ter ficado desapontado. Certamente o destaque fica por conta da maravilhosa voz de Candice Night, uma voz suave e, apesar de não ter tanto alcance como de outras cantoras do estilo, não deixa de ser agradável. Já em relação a Ritchie Blackmore, os fãs do guitarrista dos tempos de Deep Purple e do Rainbow, poderão ficar um pouco desapontados por conta de que todo o virtuosismo dele nas seis cordas aqui aparece poucas vezes, embora ainda tem o mesmo brilho. E sim: é um disco que vale ser conferido.

E, só para constar, algumas versões que saíram lá fora da obra, foram lançadas em LP e CD duplo, sendo que o segundo disco é uma coletânea que traz uma faixa de cada álbum anterior do duo.

A seguir, a ficha técnica e o tracklist da obra.

Álbum: Nature’s Light
Intérprete: Blackmore’s Night
Lançamento: 12 de março de 2021
Gravadora/Distribuidora: earMUSIC / Shinigami Records (no Brasil)
Produtor: Ritchie Blackmore
Preço médio: R$ 40,00 (versão nacional)

Ritchie Blackmore: guitarra, violão, hurdy-gurdy, nyckelharpa e mandola
Candice Night: voz, harmônica, instrumentos de sopro e pandeiro

David Baranowski (Bard David Of Larchmont): teclados e backing vocal
Mike Clemente (Earl Grey Of Chimay): baixo
David Keith (Troubadour Of Aberdeen): percussão
Claire Smith (Scarlet Fiddler): violino
Christina Lynn Skieros (Lady Lynn): backing vocal
Autumn Blackmore e Rory Blackmore: backing vocals em “Going To The Faire

1. Once Upon December (Blackmore / Night)
2. Four Winds (Blackmore / Night)
3. Feather In The Wind (Blackmore / Night)
4. Darker Shade Of Black (Blackmore)
5. The Twisted Oak (Blackmore / Night)
6. Nature’s Light (Blackmore / Night)
7. Der letzte Musketier” (The Last Musketeer) (Blackmore)
8. Wish You Were Here (2021) (Leskelä)
9. Going To The Faire (Blackmore / Night)
10. Second Element (Petersen / Pirs / Melssner / Schwarz)

Por Jorge Almeida

Deep Purple: 25 anos de “California Jamming”

“California Jamming”, “Live At The California Jam” ou “California Jam 1974”, enfim, todos apresentam a incendiária performance do Deep Purple com a sua MK III no festival realizado em Ontario, cujo lançamento oficial completa 25 anos em 2021

Neste ano, um dos mais icônicos registros ao vivo do Deep Purple, “California Jamming“, completa 25 anos. Gravado em 6 de abril de 1974 no festival California Jam, realizado em Ontario, o álbum foi lançado pela Purple Records e a produção ficou a cargo do próprio Deep Purple. Ao longo desse 1/4 de década, o material foi relançado diversas vezes com vários nomes, como “Live At The Ontario Speedway ’74“, “Live At The California Jam” e finalmente “California Jam 1974“. Mas, todos os relançamentos se referem à mesma performance.

Na ocasião do evento, o Deep Purple era uma das principais atrações ao lado do Black Sabbath e do Emerson, Lake & Palmer. A banda estava em plena forma com a sua terceira formação – Ritchie Blackmore (guitarra), Jon Lord (órgão, teclados e sintetizador), Ian Paice (bateria) e os “novatos” Glenn Hughes (baixo e voz) e David Coverdale (voz). O MKIII havia acabado de lançar o maravilhoso “Burn” (1974), o primeiro disco de estúdio com essa formação.

E o que temos aqui é um registro histórico, obrigatório para qualquer apreciador de rock que se preze. Na época, a apresentação estava sendo televisionado pela ABC TV. Além do repertório arrasa-quarteirão, que falarei a seguir, esse show ficou marcado pelo “piti” que Ritchie Blackmore deu ao final da apresentação ao atacar uma das câmeras que filmava o evento (a que ficava entre ele e o público) com a sua guitarra.

Quanto ao repertório, apesar do número curto de músicas, apenas seis (na verdade, sete, uma vez que nas versões remasterizadas da obra, inseriram “Lay Down, Stay Down“), traz uma das mais memoráveis atuações dessa formação.

Para começar, logo de cara, a ótima “Burn“, que dispensa apresentações: tudo nela é perfeito, com Coverdale e Hughes inflamando seus vocais, especialmente os fortes agudos de Glenn eram um show à parte, enquanto os “veteranos” mantiveram a base pesada desse petardo. Só aí já valeria o registro. Na sequência, a cadenciada “Might Just Take Your Life“, com os dois vocalistas alternando os versos, mas que não dá para deixarmos passar despercebidos a forma magistral que Jon Lord conduzia seus teclados. O terceiro tema é a vibrante “Lay Down, Stay Down” (que não estava presente no lançamento original não sei porquê), um Rock And Roll que atestara o quanto o quinteto estava afiado e entrosado. E o que dizer de “Mistreated“? Começa com Blackmore executando os seus ostentosos solos de Blues até aparecer David Coverdale se entregar de corpo e alma na canção, só faltou o vocalista desabar no choro de tanta entrega. Se for para ouvir “música de sofrência”, que me desculpem quem gosta desses sertanejos dos tempos atuais, aqui temos isso na essência. É arrepiante a interpretação e a emoção de David Coverdale nesse clássico, que é um dos pontos altos da obra (só enquanto escrevia esse texto, tive que ouvir “Mistreated” três vezes).

Na segunda parte da obra, o hino eterno do Deep Purple, “Smoke On The Water“, consagrado na voz de Ian Gillan, mas que dessa vez Hughes e Coverdale dividem os versos, com direito solos de Jon Lord aqui, Glenn soltando o gogó em um improviso ali até David ressurgir para comandar e finalizar a música. Posteriormente, em “You Fool No One“, o maestro Jon Lord aparece mais uma vez com suas habilidosas mãos fazendo seus solos de outro mundo para, em seguida, os vocais certeiros de Coverdale abrilhantarem na canção, assim como os solos de Ritchie Blackmore. Mas, como não poderia deixar de ser, logo aparece o grande momento de Ian Paice, que manda um solo maravilhoso de bateria e, ao final, os demais se juntam a ele para a execução de “The Mule“. Incrível. E não para por aí: para finalizar, a estonteante “Space Truckin’”, que começa com os repiques da bateria de Paice, depois vem os solos de teclados de Lord, em seguida os improvisos vocais de Coverdale e Hughes e, claro, as estripulias de Blackmore em sua Fender Stratocaster bege e branca. Enfim, uma verdadeira viagem para encerrar esse ótimo documento. Isso mesmo: documento é a palavra certa para definir esse registro.

E sabe o que é mais legal a respeito de “California Jam”? É que o show saiu em DVD também e não é tão difícil de achar. Como havia dito, ao longo desses 25 anos, essa apresentação do Deep Purple ganhou diversos lançamentos. Então, dentre muitos deles, recomendo a versão que saiu pela Shinigame Records, em 2017, nacional, pois é completo e traz uma qualidade de áudio e vídeo excelentes, pois passou por uma grande atualização tecnológica, lembrando que se trata de um show realizado há quase 50 anos, ou seja, com as limitações da época. Além disso, o material traz como bônus, um pequeno trecho de dez minutos dos bastidores daquele show e um encarte com um texto em inglês a respeito desse evento. Mas, se não tiver como conseguir essa versão, não tem problema. O importante é que, quem gosta de rock e ainda não tem esse registro, não marque bobeira e corra atrás porque é um material indispensável. Vale o CD e o DVD, que também tem versões vendidas separadamente. Ótimo presente de Natal.

A seguir, a ficha técnica e o tracklist da obra.

Álbum: California Jamming / California Jam 1974
Intérprete: Deep Purple
Lançamento: 1996 (2003 e 2017, relançamentos)
Gravadora/Distribuidora: Purple Records / Shinigame Records (nacional)
Produtor: Deep Purple

Ritchie Blackmore: guitarra
Jon Lord: teclados, órgão e sintetizador
Ian Paice: bateria
David Coverdale: voz
Glenn Hughes: baixo e voz

1. Burn (Blackmore / Coverdale / Hughes / Lord / Paice)
2. Might Just Take Your Life (Blackmore / Coverdale / Hughes / Lord / Paice)
3. Lay Down, Stay Down (Blackmore / Coverdale / Hughes / Lord / Paice)
4. Mistreated (Blackmore / Coverdale)
5. Smoke On The Water (Blackore / Gillan / Glover / Lord / Paice)
6. You Fool No One/The Mule (Blackmore/Coverdale/Hughes/Lord/Paice) (Blackmore/Gillan/Glover/Lord/Paice)
7. Space Truckin’ (Blackmore / Gillan / Glover / Lord / Paice)

Por Jorge Almeida

Deep Purple: “In The Absense Of Pink: Knebworth ‘85”

“In The Absense Of Pink: Knebworth ’85”, álbum ao vivo do Deep Purple, que completa 30 anos em 2021

Neste ano de 2021, um registro ao vivo do Deep Purple, desconhecido por muita gente, completa 30 anos de lançamento. O play em questão é o duplo “The The Absense Of Pink: Knebworth ‘85”, gravado ao vivo no Festival de Knebworth, na Inglaterra, a 22 de junho de 1985. O material saiu pela Connoisseur Collection.

Em 1984, como é de conhecimento de todos, o Deep Purple retomou suas atividades depois de um hiato de oito anos e, nessa volta, soltaram o álbum “Perfect Strangers”. Com isso, obviamente, a banda com a sua formação mais clássica – MK II (Blackmore, Gillan, Glover, Lord e Paice) – saiu em turnê. E um dos locais me que o grupo se apresentou foi no tradicional Knebworth Festival. Além do show do Purple, diversos shows do evento foram transmitidos na BBC Radio 1 no sábado seguinte em um programa chamado “Knebworth Through The Night”, que foi veiculado das 22h às 4h.

O título foi tirado das palavras de Ian Gillan ao apresentar a música “Gypsy’s Kiss”, referindo-se à chuva e aos problemas técnicos que atrasaram o início do set, ele afirmara: “O que todos nós precisamos agora é uma quantidade enorme de rosa. Mas, na ausência do rosa, aqui estão alguns Blues“.

Quanto à apresentação, a banda parecia em ótima forma: Gillan empolgado, Paice sempre atuando de forma absurda, Ritchie Blackmore inspirado, Glover com a sua habitual segurança nas quatro cordas e Lord, como de praxe, extraíra aqueles sons absurdos do seu Hammond, uma verdadeira máquina.

Como foi lançado em CD duplo, vamos destacar que, no primeiro disco, é composto por sete faixas, sendo quatro do novo trabalho da época, enquanto o segundo os velhos e maravilhosos clássicos de sempre e, claro, muitos improvisos.

O álbum abre com Jon Lord tocando a tocata de “Tocata e Fuga em Ré Menor, BWV 565“, de Johann Sebastian Bach, para em seguida, virem, calmamente, Ian Paice, Roger Glover e Blackmore na ‘intro’ de “Highway Star”, que é uma das melhores músicas do rock para se começar um show (no repertório do Deep Purple, principalmente, assim como “Fireball”). Depois, aparece uma das novidades naquela época – “Nobody’s Home”, que foi recebida com pouco entusiasmo, normal por se tratar de uma música nova. Em seguida, a grandiosa “Strange Kind Of Woman”, em que Ian Gillan parece mais um cachorro latindo ao tentar alcançar as notas altas, mas, diferentemente da performance clássica de “Made In Japan” (1972), aqui ele (assim como os demais) beiravam a casa dos 40 anos (Jon Lord já havia ultrapassado as quatro décadas de vida), mas a música continua maravilhosa, assim como o dueto entre guitarra e voz. Posteriormente, uma dobradinha do novo disco: após uma pequena ‘intro’ de Blues (de onde Gillan soltou a frase que inspirou no título do play), “Gypsy’s Kiss” e “Perfect Strangers”, que parece ter nascida clássica desde a sua primeira execução. Depois, outro grande sucesso do grupo: “Lazy”, que começa sem aquela longa introdução de órgão de Jon Lord, já vai direto na parte mais “agitada” da coisa, com a guitarra de Ritchie puxando o ritmo, mas nem por isso que o desempenho do maestro Lord é prejudicado aqui. Aliás, vale citar que essa versão da música não consta nas fitas da BBC, mas sim de um bootleg. Aliás, apesar da falta da primeira parte, essa versão segue mais na pegada mais próxima da versão de estúdio se comparada com a maior parte das apresentações ao vivo do grupo, excetuando um ótimo solo de bateria de Ian Paice que aparece no meio, com direito a uma parte incidental de “You Fool No One” (especialmente na parte que ele toca o cowbell). E o CD 1 termina com outro bom tema de “Perfect Strangers”, a excelente “Knocking At Your Back Door”.

Enquanto isso, o CD 2, traz “Difficult To Cure”, que é uma adaptação de “Ode To Joy”, da 9ª Sinfonia de Beethoven e que fora gravada pelo Rainbow anos antes. A partir daí, só clássicos da fase MK II: “Space Truckin’”, que desde da icônica versão do primeiro disco ao vivo do grupo, portanto, que os fãs estavam mais do que acostumados, trazem os seus habituais solos e improvisos, especialmente por parte de Ritchie Blackmore, mas aqui, a versão tem “apenas” 14 minutos de duração. Mas, para quem não é habituado ou conhece pouco o DP pode soar enjoativo. Situação semelhante em “Speed King”, com direito a Blackmore mandar um pequeno trecho com riff de “Burn”, clássico purpleniano que Ian Gillan sempre se recusou a cantá-la, o que é uma pena. Por fim, mas dois sucessos da banda: “Black Night” e a obrigatória “Smoke On The Water”, que praticamente virou uma música de karaokê para quem já fora em mais de um show do grupo ao longo de seus mais de 50 anos (aliás, ontem, dia 4, completou exatos 50 anos do famoso incidente em Montreaux que inspirou o grupo a compor a letra de seu maior clássico).

Além das músicas citadas acima, mas dois temas não foram registrados pela BBC: “Under The Gun” e uma versão enxuta de “Woman From Tokyo”, já que ambas faziam parte do setlist da turnê. Outro clássico que ficou de fora foi “Child In Time”, mas no caso dessa é que ela ia e voltava no repertório, porém, para essa apresentação específica, o grupo não a tocou.

Bom, é sempre bom ouvir Deep Purple ao vivo, não há o que negar e, nesse registro, dava para notar que os caras estavam felizes em terem voltado, mas infelizmente, a harmonia entre eles (principalmente entre Gillan e Blackmore) sucumbiria nos anos seguintes. Quanto ao álbum, é um bom registro ao vivo, ideal para colecionadores e fãs da banda, mas para quem quer ter algum registro ‘live’ do Deep Purple, vou ser curto e grosso: esquece esse disco e compre o “Made In Japan”.

A seguir, a ficha técnica e o tracklist da obra.

Álbum: In The Absense Of Pink: Knebworth ‘85
Intérprete: Deep Purple
Lançamento: 1991
Gravadora/Distribuidora: Connoisseuir Collection

Ritchie Blackmore: guitarra
Ian Gillan: voz
Roger Glover: baixo
Jon Lord: teclados e Hammond
Ian Paice: bateria

CD 1:
1. Highway Star (Blackmore / Gillan / Glover / Lord / Paice)
2. Nobody’s Home (Blackmore / Gillan / Glover / Lord / Paice)
3. Strange Kind Of Woman (Blackmore / Gillan / Glover / Lord / Paice)
4. Gypsy’s Kiss (Blackmore / Gillan / Glover)
5. Perfect Strangers (Blackmore / Gillan / Glover)
6. Lazy (Blackmore / Gillan / Glover / Lord / Paice)
7. Knocking At Your Back Door (Blackmore / Gillan / Glover)

CD 2:
1. Difficult To Cure (Beethoven / Blackmore / Glover / Airey)
2. Space Truckin’ (Blackmore / Gillan / Glover / Lord / Paice)
3. Speed King (Blackmore / Gillan / Glover / Lord / Paice)
4. Black Night (Blackmore / Gillan / Glover / Lord / Paice)
5. Smoke On The Water (Blackmore / Gillan / Glover / Lord / Paice)

Por Jorge Almeida

Deep Purple: 45 anos de “Made In Europe”

“Made In Europe”: álbum ao vivo do Deep Purple lançado com a MK III que completa 45 anos em 2021

Neste mês de outubro, o álbum ao vivo “Made In Europe“, do Deep Purple, completa 45 anos. Gravado em 1975, o play foi co-produzido por Martin Birch e pela banda, o registro saiu pela EMI/Purple Records, no Reino Unido, e pela Warner Bros., nos Estados Unidos. 

O registro saiu após a separação de Deep Purple na década de 1970, mas foi gravado em 1975, em três apresentações feitas entre os dias 4 e 7 de abril daquele ano, em Graz, na Áustria; Saarbrücken, na Alemanha; e Paris, na França, durante a turnê de “Stormbringer“. As apresentações em Graz e em Paris foram lançadas na íntegra anos depois. Na época, a banda trazia a sua clássica formação, a MK III: David Coverdale (voz), Ritchie Blackmore (guitarra), Glenn Hughes (baixo/voz), Ian Paice (bateria) e Jon Lord (teclados).

Em termos de quantidade de faixas, o play é relativo curto, apenas cinco faixas, mas as longas ‘jams’ feitas pela banda preenchem o espaço. Claro que não traz o conteúdo de um show inteiro, contudo “Made In Europe” tem sua importância porque foi o primeiro registro ao vivo do MK III oficial e mostra o grupo destilando 45 minutos de pura energia. E, por ser apenas um “recorte” de shows do grupo, o tracklist da obra só contém faixas gravadas originalmente por aquela formação, ou seja, músicas de “Burn” e “Stormbringer“.

O registro abre com a clássica “Burn“, em que os caras já detonam com tudo, bem ao estilo “pé na porta”. Mas, o destaque fica para o memorável solo de Jon Lord, que serviu de ponte para “Ricardinho Pretomais” fazer suas peripécias na guitarra. Em seguida, aparece outro petardo: “Mistreated“, com uma interpretação grandiosa de David Coverdale, assim como o solo de Blackmore, com direito ao grupo fazendo medley com “Rock Me Baby“, um Blues que ficou consagrado na voz de B.B. King. E o lado A encerra com “Lady Double Dealer“, com contém riffs certeiros, e é um Hard Rock bem interessante.

O lado B do vinil vem com “You Fool The One“, com uma versão longeva de mais de 16 minutos com as atenções voltadas para Jon Lord, que faz miséria com o seu Hammond. E, para finalizar, “Stormbringer“, onde mais uma vez Ritchie Blackmore traz uma atuação bem segura e com os vocais firmes da dupla Coverdale/Hughes.

Apesar de não ser tão aclamado como o “Made In Japan” (1972), esse registro ao vivo do Deep Purple não deixa de ser um grande trabalho do quinteto. É uma paulada do começo ao fim.

A seguir, a ficha técnica e o tracklista da obra.

Álbum: Made In Europe
Intérprete: Deep Purple
Lançamento: outubro de 1976
Gravadora/Distribuidora: EMI/Purple Records (Reino Unido) / Warner Bros. (EUA)
Produtores: Deep Purple e Martin Birch

David Coverdale: voz
Ritchie Blackmore: guitarra
Glenn Hughes: baixo e voz
Jon Lord: Hammond e teclados
Ian Paice: bateria

1. Burn (Blackmore / Coverdale / Lord / Paice)
2. Mistreated (Blackmore / Coverdale)
3. Lady Double Dealer (Blackmore / Coverdale)
4. You Fool No One (Blackmore / Coverdale / Lord / Paice)
5. Stormbringer (Blackmore / Coverdale)

Por Jorge Almeida

Blackmore’s Night: 20 anos de “Fires At Midnight”

“Fires At Midnight”, do Blackmore’s Night, completa 20 anos em 2021

Neste sábado, 10 de julho, o terceiro álbum de estúdio do Blackmore’s Night, “Fires At Midnight”, completa 20 anos de lançamento. Gravado durante fevereiro e março de 2001, o disco foi lançado pela SPV/Steamhammer e foi produzido por Pat Regan e Ritchie Blackmore.

Em comparação aos dois primeiros trabalhos da banda, esse disco possui mais partes de guitarra, mas o foco seguiu sendo o Folk Rock.

O registro contém 16 faixas, sendo oito de autoria da dupla Blackmore e Candice Night, uma creditada apenas ao guitarrista, seis temas folclóricos e um cover. Entre os destaques da obra estão a pop “Written In The Stars“, que abre o play, que apresenta a guitarra contagiante de “Ricardinho Pretomais”. Outra boa pedida é a ótima versão de “The Times They Are a-Changin“, de Bob Dylan, especialmente por conta da angelical voz de Candice. Aliás, os vocais dela têm ótimos contornos em faixas como “Home Again” e “Mid Winter’s Night“. A instrumental “Fayre Thee Well” contém o singelo dedilhado de Ritchie Blackmore.

A minha favorita da obra é “The Storm“, que parece tema de filme e que é uma espécie de mistura de Speed Metal com música medieval. Aliás, o Rainbow fez um “remake agitado” dessa canção recentemente e lançou como single no último dia 17 de maio, ou seja, Blackmore fez o “caminho inverso”, ou seja, em vez de regravar músicas do Rainbow com o Blackmore’s Night, pegou um tema do projeto feito com a esposa e lançou com a sua banda de rock e que, por sinal, ficou tão boa quanto. Já aos temas folclóricos/tradicionais, merece atenção o ótimo arranjo de violão e guitarra feito para “I Still Remember” e a curta “Praetorius (Courante)“, que tem menos de dois minutos e composta pelo compositor alemão Michael Praetorius (1571-1621)

O trabalho é considerado um dos melhores discos do Blackmore’s Night, tanto que foi “top 10” na Alemanha, foi finalista do prêmio New Age Voice na categoria melhor álbum vocal do ano em 2001, além de ter ganho disco de Ouro na República Tcheca em 2004.

Além disso, o single “Times They Are a-Changin” ficou nove semanas entre os 20 maiores sucessos na Rússia.

Esse registro vale a pena para quem quiser “viajar” em músicas animadas e divertidas do cancioneiro europeu. Vale a aquisição.

A seguir, a ficha técnica e o tracklist da obra.

Álbum: Fires At Midnight
Intérprete: Blackmore’s Night
Lançamento: 10 de julho de 2001
Gravadora/Distribuidora: SPV/Steamhammer
Produtores: Pat Regan e Ritchie Blackmore

Ritchie Blackmore: guitarras elétricas e acústicas, viola de roda, bandolim, bateria renascentista, pandeiro
Candice Night: voz, backing vocals, pennywhistle (flauta de metal), charamela, harpa, flauta doce, gaita de foles eletrônica
Sir Robert of Normandie (Robert Curiano): baixo e backing vocals
Carmine Giglio: teclados
Chris Devine: violino, viola, flauta doce, flauta
Mike Sorrentino: bateria
Richard Wiederman: trombetas
John Passanante: trombone
Pat Regan: teclados
Albert Dannemann: gaita de foles em “All Because Of You

1. Written In The Stars (Blackmore / Night)
2. The Times They are a-Changin (Dylan)
3. I Still Remember (Trad. by Susato / Blackmore / Night)
4. Home Again (Blackmore / Night)
5. Crowning Of The King (Trad. by Susato / Blackmore / Night)
6. Fayre Thee Well (Instrumental) (Blackmore)
7. Fires At Midnight (Trad. by Alfonso X / Blackmore / Night)
8. Hanging Tree (Blackmore / Night)
9. The Storm (Blackmore / Night)
10. Mid Winter’s Night (Trad. / Blackmore / Night)
11. All Because Of You (Blackmore / Night)
12. Waiting Just For You (Trad. by Clarke / Blackmore / Night)
13. Praetorius (Courante) (Instrumental) (Trad. by Praetorius)
14. Benzai-Ten (Blackmore / Night)
15. Village On The Sand (Blackmore / Night)
16. Again Someday (Blackmore / Night)
Faixas bônus:
17. Possum’s Last Dance (Instrumental) (Blackmore)*
17. Sake Of Song (Blackmore / Night) **
* Presente apenas na versão europeia do álbum
** Presente nas versões norte-americana e japonesa da obra, além do lado B do single europeu de “The Times They Are a-Changin”

Por Jorge Almeida

Deep Purple: 15 anos de “Live In Paris 1975”

As duas versões da incendiária performance do Deep Purple em Paris em 1975 (à esquerda, o CD lançado em 2001 e à direita, a versão remasterizada que saiu em 2012)

Hoje, 5 de abril de 2021, marca o 15° aniversário do álbum duplo “Live In Paris 1975”, registro ao vivo do Deep Purple gravado mais precisamente em Palais des Sports em 7 de abril de 1975 na Cidade-Luz. O material foi lançado originalmente pela Purple Records e a produção ficou a cargo do grupo. Em 2012, o material foi relançado como parte da série “Deep Purple (Overseas) Live Series” (intitulado como “Paris 1975”), com uma nova mixagem e remasterização digital.

Essa apresentação realizada em Paris foi a última da perna europeia da tour de “Stormbringer” e, coincidentemente, foi a última apresentação de Ritchie Blackmore no Deep Purple até a reformulação da banda, em 1984. Depois, como todo mundo deve estar careca de saber, o guitarrista partiu para montar o seu Rainbow, já que andava insatisfeito com o direcionamento musical do grupo que ajudou a fundar estava a rumar.

Vale destacar a qualidade sonora do material, que está perfeita, mesmo perante à longevidade da gravação do áudio original (afinal, quando fora lançado em 2001, já haviam se passado 26 anos da incendiária apresentação).

Evidentemente que o material da apresentação foi focado nos dois trabalhos que a MK III – a formação do DP formada por Ritchie Blackmore (guitarra), Ian Paice (bateria), Jon Lord (teclados), Glenn Hughes (baixo e voz) e David Coverdale (voz) é conhecida -, ou seja, faixas dos álbuns “Burn” e “Stormbringer”, ambos de 1974.

O CD 1 começa muito bem com a incrível “Burn”, seguido de “Stormbringer”, que manteve o pique. Depois, os caras deram uma maneirada no lado B “The Gypsy”, música que, particularmente, gosto muito. O quarto tema é mais uma cacetada: “Lady Double Dealer”. Na sequência, uma das melhores músicas lançadas não só por essa formação, mas da história do Deep Purple: a maravilhosa “Mistreated”, com direito a Blackmore fazendo miséria com a sua Stratocaster. Em seguida, Coverdale e Hughes se revezam nos vocais da clássica “Smoke On The Water” e dá-lhe mais improvisações na versão que ultrapassou os 12 minutos. E o primeiro CD é finalizado com “You Fool No One”, com destaque para a longa introdução feita pelo mago Jon Lord e Ian Paice destruindo o cowbell de sua bateria, bem como Blackmore estraçalhando sua guitarra.

Já o segundo CD inicia com uma versão “quilométrica” de “Space Truckin’”, outro clássico da MK II, mas que dessa vez o quinteto extrapola na parte instrumental registrando mais de 20 minutos de pura musicalidade e entrosamento. Em seguida, os caras tocaram um cover de Don Nix, “Going Down”, que possui “apenas” 5’17” de duração e, para finalizar, mais um clássico executado de forma arrebatadora, a incrível “Highway Star”.

Vale destacar que a edição da obra que saiu em 2012, ainda possui uma entrevista com David Coverdale, Glenn Hughes e Ian Paice, na qual contam um pouco sobre fatos da banda na época, bem como como surgiram algumas das faixas como “Burn” e “Stormbringer“. Além disso, nessa versão do disco, a introdução de “Burn” foi cortada em quase um minuto.

Esse show de Paris foi o último em que o Deep Purple tocou temas como “The Gypsy”, “Lady Double Dealer”, “Mistreated” e “You Fool No One”, embora as suas “bandas-filhas”, como o Rainbow e Whitesnake tenham tocado “Mistreated” em suas apresentações anos depois e David Coverdale, em seus primeiros concertos com o Whitesnake, tocou “Lady Double Dealer” e, anos depois, em seu disco-tributo ao Deep Purple, o “The Purple Album” (2015) tenha colocado alguns clássicos da MKIII citados acima. Lembrando que, durante a época em que Joe Lynn Turner esteve no Deep Purple, entre 1989 e 1992, conhecido como MK V, o grupo tocou “Burn”, aliás, foi com essa line-up que o Purple veio ao Brasil pela primeira vez, em agosto de 1991.

O registro comprova como Blackmore, Coverdale, Hughes, Paice e o saudoso Jon Lord estavam entrosados e afiadíssimos e propiciando aos fãs um show enérgico e destruidor. E, apesar dos excessos de partes instrumentais, que deixaram algumas músicas bem longas, “Live In Paris 1975” é um dos grandes registros ao vivo, dentre vários lançados, do Deep Purple.

A edição brasileira da obra saiu em 2013 e ficou a cargo da Hellion Records, que ficou excelente, em paper sleeve, deixando com um material de qualidade.

Então, fica a critério do ouvinte a sua versão de sua preferência: a de 2001 não traz a entrevista com Coverdale, Hughes e Paice, porém, a versão de 2012, traz isso como conteúdo extra, contudo, como já mencionado, um corte na ‘intro’ de “Burn”. Enfim, independentemente da versão escolhida, o fato é que as duas trazem um material impecável. Vale a aquisição, sem dúvidas.

A seguir, a ficha técnica e o tracklist (versão 2012) da obra.

Álbum: Live In Paris 1975 / Paris 1975
Intérprete: Deep Purple
Lançamento: 5 de abril de 2001
Gravadora/Distribuidora: Purple Records / Hellion Records (Brasil)
Produtor: Deep Purple

Ritchie Blackmore: guitarra
David Coverdale: voz
Glenn Hughes: baixo, voz e backing vocal
Jon Lord: teclados, órgão e sintetizador
Ian Paice: bateria

CD 1:
1. Burn (Blackmore / Coverdale / Lord / Paice)
2. Stormbringer (Blackmore / Coverdale)
3. The Gypsy (Blackmore / Coverdale / Hughes / Lord / Paice)
4. Lady Double Dealer (Blackmore / Coverdale)
5. Mistreated (Blackmore / Coverdale)
6. Smoke On The Water (Blackmore / Gillan / Glover / Lord / Paice)
7. You Fool No One (Blackmore / Coverdale / Lord / Paice)

CD 2:
1. Space Truckin’ (Blackmore / Gillan / Glover / Lord / Paice)
2. Going Down (Nix)
3. Highway Star (Blackmore / Gillan / Glover / Lord / Paice)
4. 1975 Interview With David Coverdale, Glenn Hughes & Ian Paice

Por Jorge Almeida

Blackmore’s Night: 15 anos de “The Village Lanterne”

“The Village Lanterne”, do Blackmore’s Night, que completa 15 anos em 2021

No último dia 24 de março, o quinto disco de estúdio do Blackmore’s Night, “The Village Lanterne”, completou 15 anos de seu lançamento. Produzido por Pat Regan, o álbum foi lançado pela SPV e, nos Estados Unidos, pela Steamhammer. O material apresenta uma variedade de estilos, folk, música renascentista, rock e pop, enfim, uma variedade bem curiosa.

Como é de conhecimento de muitos, depois que saiu em definitivo do Deep Purple, em 1993, Ritchie Blackmore remontou o seu Rainbow, mas não durou muito. Até que, em 1996, ele e sua namorada Candice Night montaram o Blackmore’s Night, um grupo (ou seria um duo?) que trazia melodias e letras com temáticas medievais e renascentistas, misturando a genialidade do carrancudo guitarristas nas cordas com a voz belíssima de sua digníssima esposa.

Desde então, a empreitada lançou bons discos e, em “The Village Lanterne” parece que eles deixaram um pouco a influência renascentistas de lado e flertaram com a música pop e, se vacilar, até bases com a dance music, o que prejudica um pouco a obra.

O material começa com “25 Years”, uma ótima e animada canção, um pop apropriado para quem curte The Corrs. Depois, aparece a balada que dá o nome à disco. Em seguida, em “I Guess It Doen’t Matter Anymore”, que ganha destaque por conta daqueles riffs “Ritchieblackmoredianos”. O quarto tema é a instrumental “The Messenger”, onde Ricardinho Pretomais manda toda sua sabedoria na música flamenca no violão. O quinto tema é “World Of Stone”, uma canção tradicional que a dupla Blackmore e Night fizeram uma adaptação bem bacana. Em seguida, em “Faerie Queen / Faerie Dance”, parece uma balada no começo, depois fica mais dançante aos moldes renascentistas. O play chega à metade com “St. Teresa”, um cover de Joan Osborne, que Blackmore deixou do seu jeito.

A faixa oito do play é outra instrumental: “Village Dance”, acústica e curta. Depois, aparece o grande momento do álbum: primeiro começa com a instrumental “Mond Tanz”, originalmente gravada em “Shadow Of The Moon” (1997) e, depois, Candice Night manda muito bem na versão feita para “Child In Time”, super clássico do Deep Purple. O legal desse cover é que junto com os riffs têm a presença de uns violinos. Infelizmente, aqui, a icônica música de “In Rock” (1970) não é tocada na íntegra. Purplemaníacos, um aviso: não se preocupem, pois Candice não estragou esse hino, ela mandou muito bem. Em seguida, o disco começa a ficar um pouco cansativo, com algumas baladas que parecem terem sido feitas para preencher espaço: “Streets Of London”, por exemplo, é um desses casos. Enquanto “Just Call My Name (I’ll Be There)” relembra um pouco do Rainbow na fase de Joe Lynn Turner (guardem esse nome). Mas, “Olde Mill Inn”, que fez parte da trilha sonora do filme “Yes Man” (no Brasil, “Sim Senhor”), de 2008, e a balada “Windmills” não acrescentam nada no disco. Para finalizar o disco mais um cover (ou melhor, semi-cover): “Street Of Dreams”, do Rainbow, e que ficou ótima na versão do Blackmore’s Night. Aliás, se depender de Ritchie Blackmore, ele regravaria todas as músicas do Rainbow com os vocais de Candice Night, vide também as excelentes versões de “Self Portrait” presente no álbum “Under A Violet Moon” (1999) e “16th Century Greensleeves” registrada no ao vivo “Past Times With Good Company” (2002).

Bom, por incrível que pareça, a edição nacional de “The Village Lanterne” veio acrescida de três faixas bônus: a curta balada “Call This Love”, outra versão de “Street Of Dreams”, dessa vez feita em dueto entre Candice Night e Joe Lynn Turner (lembram que falei para guardar esse nome?), que ficou bem legal e ainda uma versão editada para rádio de “All Because Of You”, do álbum “Fires At Midnight” (2001). E a versão japonesa ainda contém a faixa “Once In A Garden”.

Assim, para quem curte essa pegada do Blackmore’s Night, “The Village Lanterne” não acrescenta muita coisa, mas para os fãs do guitarrista dos tempos de Deep Purple e do Rainbow, é meio difícil associar a imagem do cara carrancudo com sua Stratocaster todo de preto e com seu chapéu de bruxo com a aparência de menestrel com uma vestimenta verde, chapéu pontudo e de botas ao lado da sua encantadora esposa como uma fada. Para efeito de comparação, para os padrões brasileiros, é meio que Ritchie Blackmore fosse o Didi caracterizado de príncipe nos filmes em que a Xuxa faz papel de rainha, mais ou menos, tá ligado?

Sim, embora tenha bastante faixas, é um material bom para ouvir para quem quiser relaxar depois de um dia intenso. A voz de Candice acalma, afinal, ela conteve a fúria de Ritchie Blackmore esse tempo todo, não é mesmo?

A seguir, a ficha técnica e o tracklist (com faixas bônus) da obra.

Álbum: The Village Lanterne
Intérprete: Blackmore’s Night
Lançamento: 14 de março de 2006
Gravadora/Distribuidora: SPV / Steamhammer (nos Estados Unidos)
Produtor: Pat Regan

Ritchie Blackmore: guitarra, violão, percussão e viela de roda
Candice Night: voz, vocais, charamela, rauchpfeife, flauta doce e cantador

Joe Lynn Turner: voz na versão bônus de “Street Of Dreams
Pat Regan, The Minstrel Hall Consort e Bard David of Larchmont (David Baranowski): teclados
Sir Robert Of Normandie (Robert Curiano): baixo
Sisters Of The Moon: Lady Madeleine e Lady Nancy (Madeline e Nancy Posner): harmonias vocais
Ian Robertson e Jim Manngard: backing vocal
Anton Fig: bateria
Albert Dannemann: gaita de foles e backing vocal

1. 25 Years (Blackmore / Night)
2. Village Lanterne (Blackmore / Night)
3. I Guess It Doesn’t Matter Anymore (Blackmore / Night)
4. The Messenger (Instrumental) (Blackmore)
5. World Of Stone (Trad. / Blackmore / Night)
6. Faerie Queen / Faerie Dance (Blackmore / Night)
7. St. Teresa (Bazilian / Chertoff / Hyman / Osborne)
8. Village Dance (Instrumental) (Blackmore)
9. Mond Tanz/Child In Time (Blackmore) (Blackmore/Gilan/Glover/Lord/Paice)
10. Streets Of London (McTell)
11. Just Call My Name (I’ll Be There) (Blackmore / Night)
12. Olde Mill Inn (Blackmore / Night)
13. Windmills (Blackmore / Night)
14. Street Of Dreams (Blackmore / Turner)
Faixas Bônus:
15. Call It Love (Night)
16. Street Of Dreams (Blackmore / Turner)
17. All Because You (radio edit) (Blackmore / Night)
18. Once In A Garden (Night)

Por Jorge Almeida

Rainbow: 35 anos de “Finyl Vinyl”

“Finyl Vinyl”: álbum póstumo do Rainbow que completa 35 anos em 2021

No último dia 1° de março, o álbum “Finyl Vinyl”, do Rainbow, fez 35 anos de lançamento. O disco foi produzido por Roger Glover e Ritchie Blackmore e lançado pela Polydor e pela Mercury (nos Estados Unidos). O material contém registro de faixas ao vivo da banda tocada entre 1978 e 1984, além de três músicas de estúdio que, originalmente, foram lançadas como “B-sides” de compactos.

Bom, na verdade, “Finyl Vinyl” é um disco “póstumo”, uma vez que, quando fora lançado, Ritchie Blackmore havia encerrado o Rainbow por conta da volta do Deep Purple, em 1984. Além disso, não é bem um disco ao vivo “por completo”, pois, seria uma espécie de “best of” de faixas de alguns shows do grupo, afinal, durante esse espaço de seis anos em que as músicas foram gravadas, o Rainbow passou por várias formações, sendo que o único que foi mantido, é claro, foi Ritchie Blackmore.

No entanto, o álbum teve vendas modestas na época de seu lançamento e, se analisarmos os motivos, um deles provavelmente é a pouca quantidade de músicas da fase Dio, que é a melhor do grupo. Pois, Ronnie James Dio aparece apenas em duas faixas, assim como Graham Bonnet, enquanto o restante do álbum é “dominado” pelas músicas cantadas por Joe Lynn Turner, ou seja, a fase mais comercial da banda de “Ricardinho Pretomais”.

Antes de falarmos do tracklist, algumas curiosidades sobre esse “live”: a foto da capa, que apresenta Blackmore sentado, sozinho, próximo do palco depois de um show, foi registrada por Hoss Halfin, no Deutschlandhelle, em Berlim, em novembro de 1982 e a pessoa que aparece ao fundo correndo em direção ao palco é o tecladista do Rainbow na época, Don Airey (atualmente no Deep Purple).

No LP, que saiu em vinil duplo, não aparece a faixa “Street Of Dreams“, que aparece na versão em fita cassete antes de “Jealous Lover”, assim como na versão em CD duplo. As notas do LP creditam que a bateria de “Weiss Heim” foi tocada por Bobby Rondinelli, mas, na verdade, a performance foi feita por Cozy Powell. Além disso, outra informação errônea no material se refere ao local e a data que a música “Can’t Happen Here” foi tocada.  Na verdade, a música foi gravada em um show realizado no The Orpheum Theatre, em Boston, Massachussets, em 7 de maio de 1981.

Em relação ao repertório do álbum, Turner domina a primeira parte, pois ele canta nove das 13 faixas (sem considerar os temas instrumentais, é óbvio). Então, a fase mais comercial do Rainbow prevalece e clássicos como “I Surrender”, “Miss Mistreated”, “Can’t Happen Here”, “Stone Cold” e “Power”, por exemplo, embora as interpretações dessas músicas careciam de produção, em contrapartida, era compensada pela poderosa sonoridade do grupo ao vivo e, sem desmerecer, mas as seis primeiras músicas praticamente são recriações fiéis às originais gravadas em estúdio. Outra boa pedida da obra é “Tearin’ Out My Heart”, uma balada Blues que merece destaque por conta do magnífico solo carregado de Blackmore. Enquanto as faixas de estúdio presentes – “Jealous Lover” foi lançada como lado B do single de “Can’t Happen Here” (1981); enquanto “Bad Girl” no lado B de “Since You Been Gone” (1979) e a instrumental “Weiss Heim“, de “All Night Long” (1980).

Da fase de Graham Bonnet, ao vivo, só mesmo o maior hit do Rainbow, pelo menos em termos de paradas de sucesso, “Since You Been Gone”, cover de Russ Ballard (do Argent), além da citada “Bad Girl”. O vocalista parece ter dado uma “escorregada” no começo antes de chegar no refrão, mas que não chega a comprometer a performance da música.

Outro bom momento do disco é a versão longa, com mais de 11 minutos, de “Difficult To Cure”, que foi vagamente baseada na “9ª Sinfonia” de Beethoven mostra todo o exibicionismo de Ritchie Blackmore, mas o destaque aqui fica por conta do tecladista David Rosenthal, que fez os arranjos da clássica música de Beethoven de fundo enquanto o guitarrista exibia todo o seu virtuosismo.

Infelizmente, Ronnie James Dio foi injustiçado em “Finyl Vinyl”, pois, a obra contém apenas dois temas de sua fase na banda: “Man On The Silver Mountain” (que teve ‘overdubs’ de guitarra) e “Long Live Rock ‘N’ Roll”. Em ambas, o vocal do saudoso baixinho é matador e a guitarra de Blackmore é revigorante. Ambas são mais longas que as originais, parte disso se deve a uma grande improvisação e um interlúdio de Blues na primeira, enquanto a segunda é marcada pela sessão de palmas do público e a interação de Dio com o público.

Enquanto “Weiss Heim” é um bom tema instrumental em que a guitarra melancólica de Ritchie é apoiada por um piano atmosférico.

Embora não seja o melhor disco ao vivo do Rainbow, “Finyl Vinyl” até conseguiu importantes colocações nas paradas, especialmente na Suécia, ocupando o 25º lugar, enquanto nos charts britânicos ficou na colocação de número 31 e, na disputadíssima Billboard 200, ficou no modesto 87º lugar, apesar das vendas não terem sido tão altas.

Mas, sinceramente, se for para apresentar o Rainbow no seu melhor desempenho ao vivo, não recomendo esse álbum que, não é um “live” convencional, cá entre nós, sugiro os ótimos “On Stage” (1977) e os póstumos “Live In Germany 1976” (1990) – se você achar – e “Live In Munich 1977” (2006).

No entanto, “Finyl Vinyl” tem seus méritos, afinal, não foi à toa que a obra ganhou uma versão de luxo, não é mesmo?

Pode não ser o melhor trabalho ao vivo do Rainbow, mas vale ouvir sim, uma vez que tem Ritchie Blackmore.

A seguir, a ficha técnica e o tracklist (da versão em CD) da obra.

Álbum: Finyl Vinyl
Intérprete: Rainbow
Lançamento: 1º de março de 1986
Gravadora/Distribuidora: Polydor, Mercury (nos Estados Unidos) e PolyGram (Brasil)
Produtores: Ritchie Blackmore e Roger Glover

Ritchie Blackmore: guitarra (todas as faixas)
Joe Lynn Turner: voz nas faixas 1 a 7 (CD 1), 2 e 3 (CD 2)
Graham Bonnet: voz nas faixas 8 e 9 (CD 1)
Ronnie James Dio: voz nas faixas 4 e 5 (CD 2)
Roger Glover: baixo (exceto nas faixas 4 e 5 do CD 2)
Bob Daisley: baixo nas faixas 4 e 5 (CD 2)
Chuck Burgi: bateria nas faixas 1 a 4 (CD 1) e 1 (CD 2)
Bobby Rondinelli: bateria nas faixas 5 a 7 (CD 1), 2 e 3 (CD 2)
Cozy Powell: bateria nas faixas 4 e 5 (CD 2)
David Rosenthal: teclados nas faixas 1 a 4 e 6 (CD 1), 1 a 3 (CD 2)
Don Airey: teclados nas faixas 5 e 6, 8 e 9 (CD 1) e 6 (CD 2)
David Stone: teclados nas faixas 4 e 5 (CD 2)
Lynn Robinson: backing vocal nas faixas 1 a 6, 9 (CD 1) e 1 (CD 2)
Dee Beale: backing vocal nas faixas 5 e 6 (CD 1), 2 e 3 (CD 2)

CD 1:
1. Spotlight Kid (Blackmore / Glover)
2. I Surrender (Ballard)
3. Miss Mistreated (Blackmore / Rosenthal / Turner)
4. Street Of Dreams (Blackmore / Turner)
5. Jealous Lover (Blackmore / Turner)
6. Can’t Happen Here (Blackmore / Glover)
7. Tearin’ Out My Heart (Blackmore / Glover / Turner)
8. Since You Been Gone (Ballard)
9. Bad Girl (Blackmore / Glover)

CD 2:
1. Difficult To Cure (Beethoven / Blackmore / Glover / Airey / Rosenthal)
2. Stone Cold (Blackmore / Glover / Turner)
3. Power (Blackmore / Glover / Turner)
4. Man On The Silver Mountain (Blackmore / Dio)
5. Long Live Rock ‘N’ Roll (Blackmore / Dio)
6. Weiss Heim (Instrumental) (Blackmore)

Por Jorge Almeida

Deep Purple: 40 anos de “Deep Purple In Concert”

“Deep Purple In Concert”, álbum ao vivo do Deep Purple que completa 40 anos em 2020

Neste mês de dezembro, o álbum “Deep Purple In Concert”, registro ao vivo do Deep Purple, completa 40 anos de seu lançamento. Produzido por Jeff Griffin e Pete Dauncey, o disco foi lançado pela Harvest Records, no Reino Unido, pela Spitfire Records, nos Estados Unidos, em 2001, e pela Purple Records na Irlanda. O material foi gravado em dois períodos: em 19 de fevereiro de 1970, nos estúdios da BBC, e 9 de março de 1972, no Paris Theatre, em Londres. As duas gravações foram feitas pela BBC para sua série ao vivo “In Concert”.

O LP 1 (posteriormente o primeiro CD) contém uma apresentação do Deep Purple que, na época da apresentação, estava com a sua formação clássica – Blackmore, Gillan, Glover, Lord e Paice – e interveio no último momento para a atração da tradicional emissora britânica porque Joe Cocker cancelou a sua aparição que estava programada e a performance aconteceu próximo ao lançamento do discaço “In Rock” (1970). Enquanto no LP 2 ou, se preferir, o segundo CD, é oriunda de um show realizado em março de 1972. Na época, o Purple estava a promover o álbum “Machine Head” (1972), que saiu pouco tempo depois. Curiosamente, neste registro é o único da vasta discografia do grupo que tem a faixa “Never Before” (que foi lançada como single na época) ao vivo e outro destaque ficou também pela presença de “Maybe I’m A Leo” (porém, essa apenas na versão em CD), ou seja, essas duas foram tocadas pelo grupo no lugar da habitual “Child In Time” que fazia parte do setlist da banda também em 1972.

O álbum começa com “Speed King”, mas que, infelizmente, teve a sua fantástica introdução cortada. Na sequência, vem “Child In Time”, com um hesitante Jon Lord na ‘intro’ nessa versão matadora da música, que foi a melhor versão ao vivo já feita pelo Purple e, para não perder o costume, Ritchie Blackmore manda muito bem em seu antológico solo. Posteriormente, a banda apresenta dois temas do MK I (a primeira formação do DP): “Wring That Neck” e “Mandrake Root”, que estavam mais curtas do que costumavam ser, apesar de ambas passarem dos 17 minutos. Mas apreciar os “embates” entre o Hammond de Jon Lord e a guitarra de Blackmore fazem valer a pena o registro dessa fase “progressiva” do Deep Purple, fechando, assim, o CD 1 com maestria.

O segundo disco, abre com “Highway Star”, uma excelente versão, com destaque para o peso e o baixo muito forte tocado por Roger Glover e os solos de teclados e guitarras um pouco mais extenso que o normal. Posteriormente, a incrível “Strange Kind Of Woman”, que tem uma qualidade de gravação excelente e que contém o ótimo “dueto” entre a guitarra de Blackmore e a voz de Gillan. Depois, a obra apresenta uma dobradinha que dificilmente aparecem nas apresentações ao vivo (pelo menos nos registros oficiais da banda): “Maybe I’m A Leo”, que só está presente na versão em CD do álbum, e “Never Before”, o que faz este álbum ser digno de nota por ter versões ao vivo dessas duas músicas do “Machine Head” que foram feitas apenas para a ocasião deste show ao vivo. Aliás, que baita atuação de Ian Paice nessa música. O play segue com a clássica “Lazy”, que, evidentemente, teve o protagonismo de Jon Lord, onde ele destila todo o seu talento e improviso em seu Hammond. Em seguida, é a vez da “quilométrica” “Space Truckin’”, em que os caras fazem uma versão com mais de 20 minutos, com muito improviso e com direito de incluir um trecho de “The Mule”. A penúltima faixa é “Smoke On The Water” que, naquela época, ainda não era um clássico do rock, afinal, nem o álbum oficial havia sido lançado ainda. E, para encerrar, uma versão arrebatadora de “Lucille”, de Little Richard.

Vale reforçar que “Maybe I’m A Leo” e “Smoke On The Water” não foram incluídas no lançamento original do vinil duplo de 1980, apesar de a segunda ter sido lançada como single. Aliás, também é bom destacar que “Deep Purple In Concert” foi relançado em 2001, cujo os comprimentos de algumas faixas estão incorretos. Já, em 2004, o conteúdo do segundo disco foi remasterizado e lançado na SACD como Live na BBC, na Audio Fidelity, com duas faixas bônus (versões de estúdio de “Hush” e “River Deep Mountain High“). Enquanto em 2012, o teor do segundo disco foi remixado e lançado como “In Concert ’72”, com o setlist original em sua ordem correta pela primeira vez. Não foi bem a gravação completa, já que parte do bate-papo entre as canções foi interrompida, provavelmente para fins de tempo. Porém, nenhuma música foi perdida.

Como a qualidade do som do primeiro disco é excelente aliado com as performances incríveis do quinteto, uma ótima interação instrumental e solos fabulosos, esse álbum é tão bom quanto o lendário “Made In Japan” (1972). E, só para finalizar, curiosamente, quando o disco foi lançado, no caso, o LP duplo, em 1980, o Deep Purple estava inativo.

A seguir, a ficha técnica e o tracklist (versão CD) da obra.

Álbum: Deep Purple In Concert
Intérprete: Deep Purple
Lançamento: dezembro de 1980
Gravadoras/Distribuidoras: Harvest Records (Reino Unido) / Spitfire Records (EUA) / Purple Records (Irlanda)
Produtores: Jeff Griffin (1970) / Pete Dauncey (1972)

Ritchie Blackmore: guitarra
Ian Gillan: voz
Roger Glover: baixo
Jon Lord: teclados e órgão Hammond
Ian Paice: bateria

CD 1:
1. Speed King (Blackmore / Gillan / Glover / Lord / Paice)
2. Child In Time (Blackmore / Gillan / Glover / Lord / Paice)
3. Wring That Neck (Blackmore / Lord / Paice / Simper)
4. Mandrake Root (Blackmore / Evans / Lord)

CD 2:
1. Highway Star (Blackmore / Gillan / Glover / Lord / Paice)
2. Strange Kind Of Woman (Blackmore / Gillan / Glover / Lord / Paice)
3. Maybe I’m A Leo (Blackmore / Gillan / Glover / Lord / Paice)
4. Never Before (Blackmore / Gillan / Glover / Lord / Paice)
5. Lazy (Blackmore / Gillan / Glover / Lord / Paice)
6. Space Truckin’ (Blackmore / Gillan / Glover / Lord / Paice)
7. Smoke On The Water (Blackmore / Gillan / Glover / Lord / Paice)
8. Lucille (Collins / Penniman)

Por Jorge Almeida

Rainbow: 30 anos de “Live In Germany 1976”

Live In Germany 1976″/”Live In Europe”, do Rainbow, que completa 30 anos em 2020

Em novembro de 2020, o álbum duplo “Live In Germany 1976”, do Rainbow, completa 30 anos de existência. Como o título da obra entrega, o material foi gravado 14 anos antes em uma turnê mundial que a banda de Ritchie Blackmore fizera pela Alemanha. Anos depois, a obra foi lançada nos Estados Unidos como “Live In Europe”, mas o repertório é o mesmo, apesar de a capa ser outra.

O álbum apresenta oito faixas gravadas entre os dias 25 e 29 de setembro de 1976 nas cidades de Colônia, Düsseldorf, Nuremberg e Munique durante a turnê de “Rising”. Algumas das faixas dessa apresentação estão presentes em outros registros ao vivo do Rainbow, como “On Stage” (1977) e em “Deutschland Tournee 1976” (2006), um box com seis CD’s que trazem essas apresentações datadas acima na íntegra (exceto o show de Munique, que não é o mesmo show que foi lançado também no CD/DVD de 2006 intitulado “Live In Munich 1977”).

O Rainbow pode se dizer que foi uma das primeiras bandas de “jam Metal”, pois, poucas são as bandas que conseguem ser comparadas com o grupo de Ritchie Blackmore em transformar músicas mais básicas, que tem lá seus quatro a cinco minutos, em exercícios de habilidade instrumental. E com “Live In Germany 1976” é exatamente isso. Pois, prolongar oito músicas em 100 minutos é coisas que somente algumas raras bandas de Metal podem almejar, sem contar os grupos de Rock/Metal progressivo, é claro.

Uma vez que, naquela época, o Rainbow só tinha na praça dois discos de estúdio, com as músicas originais que variavam entre três e quatro minutos (exceto “Stargazer” e “Light In The Black” que ultrapassam os oito minutos).

O fato é que o grupo estava em sua fase mais criativa e a lendária formação clássica: Ritchie Blackmore (guitarra), Ronnie James Dio (voz), Jimmy Bain (baixo), Tony Carey (teclados) e Cozy Powell (bateria).

Como já era de praxe nos shows do Rainbow daquela época, a apresentação se inicia com a introdução costumeira da citação clássica de “O Mágico de Oz” (1939): “Toto: I have a feeling we’re not in Kansas anymore. We must be over the rainbow!“, com a última palavra repetida como um eco, então a banda real toca uma frase musical da canção “Over the Rainbow” antes de irromper em “Kill The King“, cuja versão “oficial” sairia no registro seguinte da banda: “Long Live Rock ‘N’ Roll” (1978). Depois, Dio arrebenta no clássico do Deep Purple: “Mistreated”, que ganhou uma versão épica de 16 minutos (a música original tem um pouco mais de sete). Na sequência, vem “Sixteeth Century Greensleeves”, um rock medieval onde a dupla Blackmore-Dio são os grandes protagonistas. E o CD 1 termina com a magnífica balada “Catch The Rainbow”, com seus quase 15 minutos de puro improviso e técnica por parte dos caras.

O outro CD dá o pontapé com “Man On The Silver Mountain”, que tem mais doses cavalares de jams, o seu clássico riff e a cereja do bolo fica por conta da parte final em que Dio canta à capela, que chega a arrepiar e que serve como atestado do seu poderoso vocal. Em seguida, o destaque fica por conta de Tony Carey, que faz um solo prolongado na introdução de “Stargazer” e que, depois, a banda aproveita e coloca uma música dentro da outra e uma série de efeitos psicodélicos, enfim, uma batalha épica de um pouco mais de 17 minutos. A penúltima faixa é “Still I’m Sad”, um tema do The Yardbirds gravado originalmente no ‘debut’ da banda – “Ritchie Blackmore’s Rainbow” (1975) -, mas, diferentemente da versão feita em estúdio, que foi feita apenas na parte instrumental, Dio canta a letra da canção, mas ela não perde o seu status de “jam session”, afinal, aqui são 15 minutos para uma canção que teve quase quatro minutos no disco de estúdio. Como costuma dizer o locutor da Kiss FM, Walter Ricci, você vai chorar quando escutar a miséria que Cozy Powell faz na bateria, um tremendo solo. E, para encerrar, a despretensiosa “Do You Close Your Eyes”, um rock mais direto e com duração três vezes maior que a versão original, cuja letra foge dos temas padrões de Ronnie James Dio, ou seja, sem dragões, castelos, bruxas, demônios e correlatos.

Se comparado com “On Stage”, esse registro do Rainbow apresenta apenas duas faixas a mais – “Stargazer” e “Do You Close Your Eyes”.

Apesar de o Rainbow ter se dado comercialmente melhor com as outras formações, essa line-up é considerada a formação definitiva do grupo de Ritchie Blackmore e “Live In Germany 1976” é a prova definitiva disso, uma vez que a banda, como pode ser visto acima, é um verdadeiro “dream team” do Metal.

Infelizmente, para nós, brasileiros, esse álbum não é tão fácil de achar, mas, nada de desespero, afinal, temos por aqui os também incríveis “On Stage” (1977) e “Live In Munich 1977” (2006), que são tão bons quanto.

A seguir, a ficha técnica e o tracklist da obra.

Álbum: Live In Germany 1976 / Live In Europe
Intérprete: Rainbow
Lançamento: novembro de 1990
Gravadora/Distribuidora: Conoisseur Collection / King Biscuit / BMG

Ritchie Blackmore: guitarra
Ronnie James Dio: voz
Cozy Powell: bateria
Jimmy Bain: baixo
Tony Carey: teclados

CD 1:
1. Kill The King (Dio / Blackmore / Powell)
2. Mistreated (Coverdale / Blackmore)
3. Sixteenth Century Greensleeves (Dio / Blackmore)
4. Catch The Rainbow (Dio / Blackmore)

CD 2:
1. Man On The Silver Mountain (Dio / Blackmore)
2. Stargazer (Dio / Blackmore)
3. Still I’m Sad (Samwell-Smith / McCarty)
4. Do You Close Your Eyes (Dio / Blackmore)

Por Jorge Almeida