Judas Priest: 10 anos de “Angel Of Retribution”

"Angel Of Retribution": álbum do Judas Priest que marca a volta de Rob Halford nos vocais dos Metal Gods
“Angel Of Retribution”: álbum do Judas Priest que marca a volta de Rob Halford nos vocais dos Metal Gods

Então, já que estamos às vésperas de mais uma edição do Monsters Of Rock, que tal lembrarmos dos dez anos de um grande disco que foi lançado por uma das principais atrações do festival? Me refiro ao álbum “Angel Of Retribution”, do Judas Priest, que no último dia 1º de março, completou uma década de vida, pelo menos a versão norte-americana, uma vez que a edição japonesa (sempre eles) saíra um pouco antes – em 23 de fevereiro de 2005 – enquanto a europeia saiu cinco dias depois dos nipônicos. O play ficou marcado pela volta de Rob Halford aos vocais da banda, após quase 15 anos de ausência.

Cerca de dois ou três anos antes do lançamento do disco, houve muitas especulações sobre o retorno de Halford aos Metal Gods. No entanto, em uma carta enviada à imprensa em julho de 2003, o boato virou fato: Rob Halford estava de volta ao Judas Priest e, para celebrar o seu retorno, a banda realizou uma pequena turnê. Após a oficialização dessa volta, Tim Owens deu declarações na mídia agradecendo pelo tempo que passou no Judas Priest e, de forma amigável, saiu para a volta do ídolo. Depois do Priest, ele seguiu no Iced Earth, montou a sua própria banda, o Beyond Fear, além de ter participado de vários projetos, inclusive o Dio Disciples.

Em junho de 2004, o grupo iniciou uma turnê intitulada como “Reunited Summer Tour”, que foi composta por 15 apresentações pela Europa, incluindo alguns festivais como o Gods Of Metal, da Itália, e o belga Graspop Metal Meeting, além de ter sido um dos headlines do cast do Ozzfest, realizado entre julho e setembro, nos Estados Unidos.

Então, depois da série de shows para celebrar a volta do vocalista, o Judas ficou entre outubro e dezembro de 2004 nos estúdios Old Smithy, em Worcestershire, na Inglaterra, e no Sound City, na Califórnia (EUA) para gravar o primeiro álbum de estúdio da banda de Birmingham com os vocais de Rob Halford desde “Painkillier” (1990).

Uma semana após o lançamento oficial do disco na Europa, teve início a “Retribution World Tour” que, ao longo de 2005, levou o grupo a vários países pelo mundo afora, incluindo os países bálticos, fato até então inédito na carreira dos caras.

Em 18 de maio de 2005 foi gravado o DVD “Rising In The East”, no Nippon Budokan, em Tóquio. O material foi lançado em 8 de novembro do mesmo ano pela Rhino Records que, pouco tempo depois, recebeu certificado de ouro nos Estados Unidos, com mais de 50 mil cópias vendidas.

Co-produzido com Roy Z, “Angel Of Retribution” estreou na 13ª posição na Billboard, colocação bem superior em relação aos últimos trabalhos (“Demolition” ficou em 165º lugar, enquanto “Jugulator” ocupou o 82º posto) e chegou ao topo das paradas na Grécia.

Curiosamente, no play, as referências líricas de alguns temas mencionam expressões, inclusive títulos, de músicas de trabalhos anteriores do Priest. Exemplos: em “Demonizer”, há referências tanto para “The Hellion” (de “Screaming For Vengeance”) quanto “Painkiller”, do álbum homônimo; enquanto isso, “Hellrider” menciona a faixa-título de “Ram It Down” e também “Tyrant”, tema de “Sad Wings Of Destiny”; já em “Eulogy” são citados “Stained Class” e “The Sentinel”, faixas dos álbuns “Stained Class” e “Defenders Of The Faith”, respectivamente; e a autobiográfica “Deal With The Devil” cita três músicas da banda: “Blood Red Skies”, de “Ram It Down”, “Take On The World” (de “Hell Bent For Leather/Killing Machine”) e “Beyond The Realms Of Death” (de “Stained Class”).

O álbum abre com “Judas Rising”, que traz um riff matador e letra que fala de um anjo que mergulhou no inferno e renasceu para ter uma nova vida. Na sequência, surge a já citada autobiográfica “Deal With The Devil”, que é considerada mais forte do trabalho, e aborda, resumidamente, os 30 anos de carreira da banda e também da evolução do Heavy Metal. O produtor Roy Z é um dos co-autores. O terceiro tema, “Revolution”, foi escolhida para ser o primeiro single do álbum. No entanto, ela soa “diferente” em relação às demais, remete ao Hard Rock dos anos 1980, não tem nada de extraordinário. Posteriormente, vem a ótima “Worth Fighting For”, uma grande balada que fala de algo que você ama e acredita. Para este que vos escreve, é a melhor música do disco. E “Angel Of Retribution” chega a sua metade com “Demonizer”, que faz referência a antigos clássicos e com pegada que lembra “Painkiller”.

A sexta faixa é “Wheels Of Fire”, que embora seja tão pesada quanto a anterior, não teve o mesmo destaque. É daquelas músicas que, daqui a alguns anos, será tratada como “lado B” da vasta carreira discográfica da banda. Não é à toa que nunca fez parte do setlist do Judas Priest. Já “Angel”, outra balada, tem uma letra maravilhosa e um pomposo trabalho de guitarra de Glenn Tipton, tanto na base quanto no solo. Já a pesada “Hellrider” cita várias metáforas em relação à história da banda. Enquanto isso, “Eulogy“, a menor faixa do disco com um pouco mais de dois minutos, conta o recomeço da história do anjo Judas. E, finalmente, “Lochness“, que fala do monstro do lago Ness, na Escócia, em um pouco mais de 12 minutos entre momentos pesados e calmos. Tem uma pegada que lembra os conterrâneos do Black Sabbath.

A capa do álbum resgata o passado do grupo, mais especificamente “Sad Wings Of Destiny”, que mostrava um anjo no inferno em volta de lavas. O conceito com “Angel Of Retribution” é de que ele ressurgiu como um ser metálico como um messias que quer salvar a humanidade através do Heavy Metal. Embora essa ideia fora abordada anteriormente em músicas como “Painkiller” (1990) e “Exciter” (1978).

O disco foi lançado em três formatos: CD e DVD, DualDisc – ambos importados – e CD simples que, aqui no Brasil, levou o adjetivo ao pé da letra. Sim, a versão nacional do trabalho veio em uma caixinha normal e um encarte básico. Enquanto isso, embora seja o dobro, a versão que traz o DVD como bônus vale a pena. Pois, além das dez faixas do CD, o material extra traz sete clássicos tocados ao vivo em um show realizado na Espanha em 2004 (embora as músicas foram tocadas fora da ordem e não foram editadas para formarem um filme só), além de um documentário intitulado “Reunited”, que apresenta entrevistas e detalhes da gravação do novo disco. Já o DualDisc traz apenas o documentário como extra e não é possível de tocar na maioria dos aparelhos de CDs dos veículos.

Por ter uma excelente produção, em especial aos sons das guitarras, “Angel Of Retribution” é uma ótima pedida e que casou perfeitamente com a volta triunfal de uma das mais clássicas formações da história do Heavy Metal. Obrigatório.

A seguir, a ficha técnica e o tracklist do disco.

Álbum: Angel Of Retribution
Intérprete: Judas Priest
Lançamento: 23/02/2005 (Japão); 28/02/2005 (Europa); 1º/03/2005 (EUA e internacional)
Gravadora: Epic
Produtores: Roy Z e Judas Priest

Rob Halford: voz
Glenn Tipton: guitarra
K. K. Downing: guitarra
Ian Hill: baixo
Scott Travis: bateria

Don Airey: teclados

1. Judas Rising (Halford / Downing / Tipton)
2. Deal With The Devil (Halford / Downing / Tipton / Roy Z)
3. Revolution (Halford / Downing / Tipton)
4. Worth Fighting For (Halford / Downing / Tipton)
5. Demonizer (Halford / Downing / Tipton)
6. Wheels Of Fire (Halford / Downing / Tipton)
7. Angel (Halford / Downing / Tipton)
8. Hellrider (Halford / Downing / Tipton)
9. Eulogy (Halford / Downing / Tipton)
10. Lochness (Halford / Downing / Tipton)

Por Jorge Almeida

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